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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Burn My Shadow.

Esvazio garrafas
frascos de comprimidos
e desprezo amigos
espetando facas no peito
rejeito
mas espreito
o diabo que vive em mim
pelo buraco da fechadura
de uma porta fechada
fotografia rasgada
tatuada no peito
sem nada
desdenho
mas nem compro nem vendo
sigo sem dó
sem preconceito
e sem jeito
seguro-me e dou mais uma facada
no sentimento mais antigo
o meu mais velho inimigo
de quem não me separo
nem consigo
não respiro
engulo em seco
acordo num beco
sem saída e sem vida
acabo a rir
sem me despedir
mas por respeito
vou sair em silêncio
e espero não acordar do mesmo jeito.

Em directo do fim do mundo
João Santos aka CaptainLenovo

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Paraíso Negro

Vivo com uma tesoura espetada no peito
Arranco todos os sinais para ficar sem nenhum defeito
Enfrento a vida dizendo “ o mundo é perfeito”
Ninguém acredita em mim porque sou suspeito.

Tenho o estranho hábito de comer borboletas
Quando posso faço desfeitas
Acordo e tenho as mãos pretas
Tomo um pequeno-almoço recheado de tretas.

Invento tendências suicidas e outras megalomanias
Vomito para um saco lápis e afias
Viajo neste mundo como tu querias
A água que bebo sai às fatias.

Habito num estranho lugar chamado paraíso
Sonho com o mar e quase me mijo
Deito fora a liberdade pois já não preciso
Tenho vontade de te amar desde o inicio.

A luz enriquece-me o coração
Á noite dou saltos no meu colchão
Rezo todos os dias a pedir perdão
Tento agarrar a paz e largar a solidão.

És a ilusão que me apoquenta
Sou a solidão o mal e a tormenta
Personifico a vontade de quem se aguenta
Olho-a nos olhos mas ela não me enfrenta.

Procuro-te sem nunca te encontrar
Continuo a não saber nadar
Senti-me completo entre o sol e o mar
E o meu tempo está-se a acabar.

A vida é uma mentira
Serei a imagem de uma geração perdida?
Lembro-me de ti quando menina
Andamos todos à procura da vida.

A pele já me começa a cair
Tenho um retrato contigo a sorrir
Não vejo o dia em que hei-de partir
A maré continua a subir.

O tempo passa mas não depressa demais
Imagino futuros funerais
Sinto tanto a falta dos meus pais
Sentado à beira de um cais.

Já os bichos entram dentro de mim
Não me lembro do que prometi
Mergulhei no mar, finalmente consegui
Perdoa-me a saudade pois não te esqueci.

De noite ouço os teus lamentos
Vivo dia a dia com torturas diferentes
Deram frutos os meus rebentos
Só escaravelhos são para ai quinhentos.

Torna-se um absurdo viver neste estado
Tentei fugir mas não deu resultado
O único descanso que tive foi num feriado
Recupero todos os dias num canto sossegado.

Em directo do fim do mundo
João Santos aka CaptainLenovo