Arranco todos os sinais para ficar sem nenhum defeito
Enfrento a vida dizendo “ o mundo é perfeito”
Ninguém acredita em mim porque sou suspeito.
Tenho o estranho hábito de comer borboletas
Quando posso faço desfeitas
Acordo e tenho as mãos pretas
Tomo um pequeno-almoço recheado de tretas.
Invento tendências suicidas e outras megalomanias
Vomito para um saco lápis e afias
Viajo neste mundo como tu querias
A água que bebo sai às fatias.
Habito num estranho lugar chamado paraíso
Sonho com o mar e quase me mijo
Deito fora a liberdade pois já não preciso
Tenho vontade de te amar desde o inicio.
A luz enriquece-me o coração
Á noite dou saltos no meu colchão
Rezo todos os dias a pedir perdão
Tento agarrar a paz e largar a solidão.
És a ilusão que me apoquenta
Sou a solidão o mal e a tormenta
Personifico a vontade de quem se aguenta
Olho-a nos olhos mas ela não me enfrenta.
Procuro-te sem nunca te encontrar
Continuo a não saber nadar
Senti-me completo entre o sol e o mar
E o meu tempo está-se a acabar.
A vida é uma mentira
Serei a imagem de uma geração perdida?
Lembro-me de ti quando menina
Andamos todos à procura da vida.
A pele já me começa a cair
Tenho um retrato contigo a sorrir
Não vejo o dia em que hei-de partir
A maré continua a subir.
O tempo passa mas não depressa demais
Imagino futuros funerais
Sinto tanto a falta dos meus pais
Sentado à beira de um cais.
Já os bichos entram dentro de mim
Não me lembro do que prometi
Mergulhei no mar, finalmente consegui
Perdoa-me a saudade pois não te esqueci.
De noite ouço os teus lamentos
Vivo dia a dia com torturas diferentes
Deram frutos os meus rebentos
Só escaravelhos são para ai quinhentos.
Torna-se um absurdo viver neste estado
Tentei fugir mas não deu resultado
O único descanso que tive foi num feriado
Recupero todos os dias num canto sossegado.
Em directo do fim do mundo
João Santos aka CaptainLenovo
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