quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"Voltei,
voltei por poucas razões quase insignificantes.
Vim apenas visitar velhos amigos, demónios, talvez.
-“Estes são os últimos dias das nossas vidas”, alguém disse,
não conhecendo a pessoa, confio e aguardo. "

Acordo com um suspiro
Respiro fundo, tenho frio
Um agasalho torna me mais forte
levanto a cabeça, mas sem sorte.
Mas dói muito perder alguém
Acordar sozinho sem ninguém
Sem um aconchego sem uma esperança
Sem um carinho sem uma lembrança
Mas baralho e volto a dar
Nem este sofrimento me há-de parar
Pois a minha sorte Há-de voltar.


"Na noite que passou pedi a Deus para morrer, para me levar, durante a noite, sem barulho e sem dor, talvez com algum aconchego.
Esperei o abraço da morte toda a noite, quase a senti tocar-me no ombro, tentando acordar-me do sono profundo, mas não aconteceu, não entendo, sinto-me a mais neste mundo, já não tenho ninguém a minha espera e eu só quero um aconchego,
Um aconchego,
Um aconchego, não peço muito,
Um aconchego PORRA!
Agora por escrito peço a Deus que me leve esta noite, preciso mesmo desse aconchego, leva-me sem barulho e sem dor.
Peço desculpa a minha Avó, mas falhei e não aguento mais."

Este Texto foi escrito há um ano, numa recaída que tive, foi a segunda vez que chorei por não ter comigo a minha Avó Deolinda, uma pessoa que sempre viu o que de melhor havia nas pessoas, a minha líder espiritual que me deixou na altura que mais precisava dela, a minha adolescência. Queria fazer-lhe este tributo e dizer-lhe o quanto a adoro e pedir-lhe desculpa pelas últimas palavras que lhe dirigi, espero que ela compreenda a sinceridade daquelas palavras e me perdoe.

Obrigado Vó, por teres visto o que de melhor havia em mim.

Do teu querido neto João.


Em directo do fim do mundo
João Santos aka CaptainLenovo

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